Texto: O ultimo adeus.
Chovia
muito. Parece que o tempo sabia refletir bem o que eu sentia. Encostado na
janela via a água indo embora assim como as lágrimas insistiam em fugir de meus
olhos há exatos dois dias. Nunca gostei de chorar, me faz sentir fraco. Mas sem
ela aqui ao meu lado, era impossível ser forte.
Em
meio à tristeza que aos poucos me corrompia, encarei a chuva. Uma tempestade de
lembranças veio em forma de devaneios. Maldita hora!
A
cena se voltou em minha mente: estávamos na estrada. Eu dirigia e ela ia ao meu
lado, como sempre. Costumávamos viajar... Tínhamos fama de casal
aventureiro. Cantávamos “Brendan’s death
song”, sua musica preferida de sua banda favorita – esta musica nesse momento.
Irônico. Ela era linda e eu amava
admira-la. Encarei-a em determinado instante. Cantava e sorria ao mesmo tempo.
Perdi-me naquele sorriso como um menininho apaixonado.
_
Por quê? Por quê? – as únicas palavras que consegui murmurar. Talvez com ódio,
talvez com culpa.
Lembro-me
apenas de uma caminhonete em minha frente. Quando o cara me avistou, viu que
não deveria ter passado pela contramão e num ato de reflexo, se jogou ao
acostamento para seu lado esquerdo. Nenhum dos dois carros estava em velocidade
extremamente alta, mas foi impossível evitar a colisão com o lado direito do
meu carro, onde Nanda estava.
Desmaiei.
Após
um tempo desacordado, despertei em meu pior pesadelo. O lado direito do carro
estava parcialmente destruído, mas foi o suficiente para arrancar um pedaço de
mim: Nanda bateu a cabeça com o choque dos carros e sangrava muito. Estava
imóvel e sussurrava baixinho algo semelhante á uma despedida. Tentei me
libertar do cinto de segurança, mas ele havia travado e não pude fazer nada por
ela. Não pude salvar a razão da minha vida.
Pouco antes de me deixar pude entender suas palavras quando ela disse:
“não foi culpa sua, eu te amo. Pra sempre!”. Comecei a chorar desesperadamente.
O socorro chegou instante depois.
Peguei
o telefone e disquei seu numero. Automaticamente, como sempre foi. A esperança
de que tudo fosse mentira e ela atendesse ainda existia, quando, por um
momento, ouvi sua voz:
_Ei
meu amor, é o Carlos. Só queria ouvir sua voz mais uma vez, dizer que te amo e
dar um ultimo adeus.
_Nanda,
meu amor. Estou chegando. Eu te amo... Pra sempre! Desculpa por isso.
Pulei.
Estava cada vez mais próximo do chão, em queda livre. Fechei os olhos, senti
como se estivesse voando. Livre. Como precisava me sentir.
PS: Gente, existe uma série de contos com esses mesmos personagens - por isso a falta de características deles - e este é o ultimo, no caso. Em breve postarei mais sobre eles ♥
PS: Gente, existe uma série de contos com esses mesmos personagens - por isso a falta de características deles - e este é o ultimo, no caso. Em breve postarei mais sobre eles ♥
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