Uma mulher jovem, hipersexualizada e dependente de uma figura masculina foi a fórmula mágica de muitas das histórias em quadrinhos, videogames e histórias de heroínas. Assim, muitas histórias do gênero serviram como um grande exemplo do contexto machista no qual foram concebidas.

Contudo, desde a última década e com o avanço dos direitos da mulher, muita coisa tem mudado, inclusive nos quadrinhos. Agora é possível encontrar personagens femininos fortes e que se caracterizadas pelas suas qualidades e características e não pela sua aparência física.

A hipersexualidade de Viúva Negra em Homem de Ferro II

Recentemente a atriz Scarlett Johansson que interpreta a heroína da Marvel Viúva Negra fez uma retrospectiva do seu personagem. Nesse sentido, desde que a Viúva Negra saiu por primeira vez na telona no filme do Homem de Ferro II, muita coisa mudou. Ou seja, a uma década atrás a personagem era exaltada pelos seus atributos físicos, além das suas características pessoais.

De acordo com o gênero do filme e a cultura histórica de hipersexualidade dos personagens femininos, Scarlett Johansson criticou com razão a exposição de seu personagem. Desse modo, nesse título em concreto é possível observar a intenção de potencializar a sexualidade de Natasha, em vez de caracterizarem o personagem com outros elementos muito mais característicos do seu enredo.

Um exemplo da hipersexualidade da Viúva Negra em Homem de Ferro II

Quando voltamos a ver o Homem de Ferro II, podemos perceber que a produção está repleta de cenas que aproveitavam do status de Johansson como um símbolo sexual de Hollywood. Isto é, em uma cena que Natasha precisa colocar a roupa tática no assento traseiro do carro de Happy Hogan.

Happy em determinado momento até tenta dar uma olhada através do retrovisor. O que no momento pode parecer uma cena inofensiva, está carregada de estigmas sociais que objetificam o corpo feminino. Desse modo a atriz em um entrevista conta como foi esse processo de autoconhecimento e como o seu personagem evoluiu com o tempo.

A objetificação dos personagens femininos, o desabafo de Scarlett Johansson

Definitivamente muitas coisas mudaram desde então e acredito que uma parte dessa mudança é difícil porque eu estou dentro dela. Mas muitas coisas que aconteceram nesse processo também ocorreram pelo meu amadurecimento como pessoa. Hoje tenho 35 anos, sou mãe e minha vida é completamente diferente.

Obviamente com depois de 10 anos as pessoas mudam e agora tenho uma maior compreensão de mim mesma, muito mais evoluída. Como mulher, agora me sinto em um lugar diferente na minha vida. Acredito que agora me aceito muito mais e entendo o meu papel na construção de uma sociedade mais igualitária. Tudo isso em parte, nasce desse afastamento da hipersexualidade do personagem.

A hipersexualidade vista desde uma outra perspectiva

Ainda falando sobre a hipersexualidade na indústria dos comics, HQ, videogames e no mundo cinematográfico. O jogo de Batman: Arkham Knight trouxe a luz um problema que muitas vezes passa desapercebido.

Desde o seu lançamento, muitas críticas surgiram pela hipersexualidade da Mulher-Gato comparada com a do homem-morcego. Por essa razão, um fã trocou digitalmente os personagens do Batman com o da Mulher-Gato e o resultado é bastante impactante. Em suma, para a cultura imperialista e machista, ver o Batman, um símbolo varonil atuando sensualmente como a Mulher-Gato parece muito estranho. Em contrapartida, ver o personagem feminino sobressaltando seus atributos físicos mais que as suas características que a definem como Mulher-Gato parece normal.